O universo
masculino, com seu conjunto de normas, história e signos de identificação, é o
caminho para a compreensão do meu próprio desejo homoerótico. Assim, a elaboração do trabalho é um percurso
afetivo que simula a descoberta de algo que produz uma descontrolada atração,
que não se liga à natureza acidental, mas à elaboração de um processo recorrente,
apesar de levemente apreensível.
Minha
obra é uma tentativa de construção e registro visual de um momento erótico idealizado,
portador de referências históricas, repleto de simulações, dualidades e ambiguidades,
que procuram confundir os sentidos, imitando o próprio sistema da sedução. Sendo
o desenho seu meio expressivo original, os trabalhos são executados através de
uma lógica gráfica, onde as imagens são estruturadas a partir de linhas que se
desenvolvem voluptuosamente num espaço imaterial. Esse raciocínio acompanha
toda a produção, adaptando-se em todas as linguagens artísticas em que, até então,
tenha sido materializado.
Atualmente,
a produção tem se concentrado em questões conflituosas da homossexualidade,
utilizando-se frequentemente do autorretrato e de aspectos da minha intimidade como
elementos que dialogam com as representações de insegurança, decadência,
exposição pública erotizada e outros temas que permeiam à sexualidade masculina
contemporânea.