Antônio de Araújo. Adeus, companheiro. Purpurina preta. 9cm ø. 2014.
O
trabalho Adeus,
companheiro
pode
ser entendido como uma pequena instalação/intervenção urbana,
formulado
para representar um poético sinal de demarcação, inserido num
lugar/ambiente palco de um crime motivado pela homofobia. Essa
espécie de efêmero e frágil marco fúnebre procura relembrar uma
atrocidade que, por indiferença e omissão social, esvanece em meio
a outras violências com maior apelo midiático.
Antônio de Araújo. Adeus, companheiro. Purpurina preta. 9cm ø. 2014.
Atualmente,
a discriminação por orientação sexual tornou-se um tema de
extrema relevância. Por vários fatores, vem crescendo
a incidência de crimes ocasionados por homofobia no Brasil, sendo o
país com a maior incidência de assassinatos de homossexuais no
mundo (dados do Relatório sobre Violência Homofóbica no Brasil:Ano de 2012. Secretaria de Direitos Humanos/Governo Federal).
O
aumento da intolerância em relação às práticas sexuais
minoritárias talvez esteja vinculado a uma maior exposição dos
homossexuais, que para alguns indivíduos representa, de modo simbólico, uma
ameaça ao domínio heteronormativo. Como reação conservadora, há uma
tentativa constante de desumanização da comunidade LGBT por parte
de alguns segmentos e instituições, provocando um preconceito
franco ou internalizado contra os grupos sexualmente minoritários. Rotular os “não
heterossexuais” como doentes, pecadores e/ou pervertidos endossa
atos discriminatórios, que muitas vezes são manifestados através
de ações de violência.
Refletindo sobre a necessidade em se discutir permanentemente a problemática da violência, mais especificamente no universo homossexual, um conjunto de trabalhos vem sendo elaborado desde 2006, através da série Desajuste, que possui um tom crítico em relação à intolerância, presente na nossa sociedade.
Antônio de Araújo. Desajuste. Impressão s/ papel. Cartas 51 e 20. 2011 e 2006.